A história da lingerie e surgimento dos polos de confecção de lingerie no Brasil

Não existe um registro exato de local e data do surgimento de roupas íntimas, o primeiro registro de vestimentas do ramo foi feito na Grécia Antiga, onde era comum as mulheres cobrirem os seios com faixas de panos para sustentação e também usarem uma espécie de fralda de algodão na parte de baixo. 

Então, podemos dizer que a história da lingerie em si, teve início mesmo no século XIX, no ano de 1800 quando criaram as primeiras calcinhas que se chamavam pantaloons que mais pareciam com calções masculinos, em tons pastéis, com comprimento até os joelhos. Passando mais 3 décadas, vieram os espartilhos e creolinas, foi um período lembrado como romântico, essas peças deixavam as mulheres com uma aparência sedutora. E eram peças usadas pela nobreza, já que para serem vestidas, era necessário a ajuda de criadas.

A lingerie, conhecida como calcinha e sutiã, surgiram mesmo no século XX. E na década de 50 teve início a popularização das peças e introdução a uma pitada de sensualidade através das atrizes e pinups. Até o momento, demos uma explorada na história da lingerie no geral, com algumas curiosidades e pontos importantes. Mas agora, vamos trazer esse contexto para o nosso país e falar do início dos grandes polos de confecção de lingerie.

Daremos início falando de Nova Friburgo. Em 1911 iniciaram as atividades industriais e em 1937 a fábrica da Triumph, moda íntima internacional se instala na cidade. Nesta fábrica trabalhava uma funcionária chamada Lúcia Loyola que após sair do emprego, tornou-se a verdadeira desbravadora desse nicho de mercado no Brasil. Lúcia estava com quatro filhos para criar, e naquela época não existiam as creches e escolinhas. Foi muito desafiador para ela cuidar dos seus pequenos, por isso precisou sair do emprego, já que não tinha com quem deixá-los. Eis a grande reviravolta, pois Lúcia tornou-se empreendedora e começou a trabalhar em casa, costurando nada mais nada menos aqui que ela mais sabia: lingerie. Modestamente iniciou fazendo poucas peças e foi crescendo aos poucos. Cresce tanto que o marido precisa largar o emprego para trabalhar com ela. Em seguida alguns parentes, outras pessoas, eis que se dá início ao primeiro polo de confecção de lingerie brasileiro, considerado hoje um dos maiores. 

E essa história, não é diferente nos dias atuais e em outros polos de confecções. Muitos que estão lendo esta matéria irão inclusive se identificar com ela. Precisou largar o emprego para cuidar dos filhos, sabia costurar, começou fazendo poucas peças em casa, foi crescendo, etc. A Lúcia Loiola, lá na década de 1980, que começou a costurar em casa, não fazia ideia que estava dando início a um dos maiores Polos de Confecção de Lingerie do Brasil. E essa história não permaneceu apenas nesta região. Vamos falar um pouco de cada polo?

Nova Friburgo

A cidade que fica localizada na região serrana do RJ, tem mais de 1.300 confecções produzindo cerca de 114 milhões de peças por ano. O polo de moda íntima é responsável pela movimentação econômica e gera 20 mil empregos diretor e indiretos. A cidade ganhou o título de de capital da moda íntima e atrai compradores de vários estados e municípios. Hoje é responsável por 25% da produção do mercado brasileiro. 

Juruaia

Localizada no Sul de Minas Gerais, é conhecida como a capital mineira da lingerie. A venda da lingerie é a principal atividade econômica da cidade e a que mais emprega.  A cidade vende mais de 1,5 milhão de peças por mês e produz aproximadamente vinte milhões de peças, além de gerar cinco mil empregos no polo da moda.

Ilhota

Localizada em Santa Catarina e conhecida como a capital catarinense da moda íntima. A moda íntima e praia fica em segundo lugar de giro de econômico do mercado da cidade. Grande parte da produção é enxugada pelo mercado interno. Cerca de 10% da fabricação de moda íntima e praia é destinada ao mercado internacional.

Taquaral

Uma cidade do interior de Goiás, com cerca de 6 mil habitantes, com 95 km de distância de Goiânia a capital. Hoje Taquaral movimenta 28 milhões por anos com a produção de lingerie e conta com números superlativos: 120 confecções, 60 lojas de moda íntima feminina e 800 empregos diretos nas confecções. 

Franca

Situada na região nordeste do Estado de São Paulo, um dos polos economicamente mais fortes do país, Franca tem 350 mil habitantes e é uma cidade que se destaca no cenário nacional. Posicionado estrategicamente, o município está próximo a Ribeirão Preto, uma das regiões mais ricas do interior de São Paulo e do Brasil. Com a interferência concorrencial das indústrias asiáticas de calçados no mercado mundial, aconteceu uma migração dessa massa desempregada para o setor de lingerie, o que está tornando Franca, além do setor calçadista, um polo nesse setor.

Espero que tenham gostado, e breve, falaremos dos polos de confecções com outros nichos no mercado brasileiro. 

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