Acredite, ter uma confecção é aprender a conviver com os problemas. Antes de mais nada, já aviso: a vida de confeccionista não é fácil.

Primeiramente, para ser confeccionista, é preciso aprender que os problemas nunca deixarão de existir. Em síntese, quando você conseguir resolver um “B.O.”, sempre aparece outro. 

Por outro lado, é preciso ficar muito claro uma coisa: APRENDER A CONVIVER não significa aceitar! 

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Quando o foco se torna um problema 

O maior problema do gestor de confecção é o foco único. Antes de mais nada você deve estar se perguntando: “Mas como assim Eduardo? Desde quando ter foco é ruim?”. Calma, eu já te explico. 

Vamos supor que a sua confecção está com problemas nas vendas. A principio, qual será o seu foco? Suponho que no setor de vendas, correto? 

Pensando nesse cenário, você decide que isso não vai ficar assim. Quando era você quem fazia as vendas, era tudo muito organizado. Esse setor precisa de você! Você vai, faz ligações, conversa com o time de vendas, investe tempo treinando todos. Graças a você, agora as vendas voltaram a acontecer, e tudo esta fluindo a mil maravilhas. Alias, modéstia a parte, sua confecção nunca vendeu tanto!

Sabe o que vai acontecer? Você focou tanto em resolver o problema das vendas, que esqueceu de negociar com seus fornecedores (leia sobre a falta de matéria prima). Vai faltar produto! 

Pronto, novo problema surgindo. O setor de produção precisa de você. Quando você cuidava do PCP, isso nunca acontecia! Lá vai o dono da confecção focar 100% da atenção e energia no setor de produção.

Sabe onde que vai acontecer? Problemas no financeiro. Bingo. O excesso de foco do confeccionista trollando o próprio confeccionista. 

Pois é. Ser dono de confecção é viver em uma gangorra de emoções.

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Quem está dirigindo esse trem?

Donos de confecção normalmente são os resolvedores de problemas. 

O corte atrasou, chama o dono. O cliente quer negociar desconto? Chama o dono.

A cliente X pediu a peça W com urgência porque todo mundo está querendo. Chama o dono. 

Empresário de confecção são resolvedores de problemas. Ser dono é aprender a ser bombeiro. Hora de apagar outro fogo! 

Mas sabe o que me preocupa? Se o dono está ocupado demais resolvendo os problemas, quem está fazendo o planejamento estratégico da confecção? 

Quem está se aprimorando com estudos e treinamentos? Quem está cobrando a execução do plano de ação? Quem está acompanhando os Kpi’s? Quem é o motorista desse trem desgovernado?

O dono não tem tempo de planejar, ver planilhas, analisar números. 

Não… ele está ocupado demais, resolvendo os problemas. 

O trem está desgovernado, e sem motorista. O dono está lá, apagando incêndio. 

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Aprender a resolver problemas

Qual a minha ideia com esse texto? Pode parecer um cenário caótico.

Eu sei que você deve ter se identificado em muitas coisas acima, e espero que você se identifique com isso também: Eu, Eduardo Cristian, amo trabalhar com confecção! 

Sério, eu sei que cansa, e cansa mesmo. Mas eu não trocaria meu setor por nada nesse mundo! 

Se você na sua confecção, decidir não mais ser um bombeiro, mas sim, ter uma confecção mais tranquila e organizada, eu te convido a dirigir esse trem chamado Confecção.

Sem problemas? Nunca… mas ao aprender a olhar os desafios da sua confecção, sob uma nova perspectiva, eu te garanto que os problemas serão bem mais suaves! Vamos comigo?

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Como ter uma Confecção sem Problemas?

Não tenha uma confecção rsrsrs. Brincadeira a parte, vou começar com uma dica simples, mas que é a base para resolver muitas outras questões. Estamos falando do Diário da Confecção. 

Diário da Confecção

Escreva um diário da confecção, pontuando todos os problemas e desafios. Tudo! E a partir disso, faça um mapeamento de onde vieram os problemas. Lembra do que eu disse?

Ter uma confecção é aprender a conviver com os problemas, mas isso não significa que você precisa aceitá-los!

Faça reuniões, investigue! Entenda. Pense fora da caixa. Na maioria das vezes o problema estoura no último estágio de uma produção, e isso não quer dizer que o problema começou lá. Lembre-se do problema do foco único! 

Eu adoro exemplos, e vou ilustrar uma situação para você. Uma coisa que talvez você confeccionista, nunca tenha vivenciado. Mas vamos lá. Vamos supor que, por um acaso do destino, deu um problema com o corte lá na oficina de costura.

Quase nunca acontece, não é mesmo? Mas vou ser sincero, na maior parte do tempo o problema que estoura na facção (oficina de costura), não começou lá. Apenas estourou. 

A estilista não recebeu o briefing da coleção, porque ficou esperando uma reunião que nunca tiveram tempo de fazer. Ela entrega o desenho atrasado, mas agora o negócio já é urgente. Ela pede prioridade máxima e velocidade descomunal da modelista. Essa já está avisada, e alerta o setor de pilotagem: é para anteontem! Esse faz na correria e aí… a gente sabe muito bem onde vai dar. 

Mas o problema estourou sabe onde? Na oficina de costura. 

Começou lá? Bom.. talvez nem tanto, não é mesmo?

Pois é… Ter uma confecção é aprender a investigar o problema.

Ter uma confecção é: ser um detetive

Vamos lá Sherlock, tenho uma coisa muito séria para te contar. Entender a origem do problema, é muito difícil, desgastante, mas é a única maneira de solucionar o problema. 

Sabe por quê? Se você não buscar a origem, você vai viver dentro da sua confecção, apenas apagando incêndios. 

Eu juro, não conheço cada um que está lendo esse texto, mas eu DÚVIDO que você abriu uma confecção para isso! 

Se você for a um médico, reclamando de constantes enxaquecas, e ele sempre te receitar Dipirona, muito provavelmente você vai achar que existe algo de errado com esse médico. 

Assim como questiona o médico, duvide de você, caso você esteja apenas tratando os “sintomas” da sua confecção, e não a causa.

Não foque no resultado (o problema), foque também na causa (a origem ) e entenda que de maneira geral, tudo se interliga dentro de uma confecção. Não existe um problema que possa ser resolvido de maneira isolada. Acredite. 

Realmente, ter uma confecção é aprender a buscar, de maneira incessante por resoluções que cortem o mal pela raiz.

Forte Abraço!