
Confecção e Shein, será mesmo uma boa? Você que tem uma confecção ou marca, provavelmente está ouvindo os burburinhos sobre a entrada da Shein no Brasil. Talvez sua confecção já tenha recebido um convite para entrar no marketplace. Será que você deve expor seu produto na Shein? Vale a pena? Pois bem, vamos descobrir.
Te convido antes de mais nada a uma simples reflexão. Na maneira de cortar roupa, o que mudou nos últimos anos aqui no Brasil? O que mudou no jeito de modelar? O que mudou na forma de costurar? Não há muita diferença, não é mesmo?
Apesar do avanço tecnológico do setor têxtil nos últimos 30 anos, temos um enorme déficit, principalmente em países ainda em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Com toda nossa questão fiscal e tributária, e a falta de incentivo político no desenvolvimento dos nossos polos de confecção, pouco mudou a maneira de produzir roupas.
Agora me diz, o que você acha que mudou na maneira de vender? Tudo! Nos últimos 5 anos, muita coisa evoluiu quando o assunto é venda. A pergunta é: o que a sua confecção mudou no jeito de vender?
Pudemos observar nos últimos tempos uma maior pulverização de mercado. Essa dissipação, em conjunto com a mudança no perfil dos consumidores, diz muito sobre nosso mercado. E isso é um problema ou uma oportunidade para sua confecção, depende de como você gostaria de encarar.
Confecções e a Pandemia

A crise gerada pela pandemia da Covid-19 atingiu em cheio grande parte das confecções brasileiras. Passamos pela fase do ‘fecha tudo’ (só de lembrar a palavra lockdown temos um mal estar) que nasceu da emergência sanitária para conter o vírus.
De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em apenas 2 meses (entre março e maio de 2020) foram criados 107 mil novos negócios pela internet. Isso refletiu na impressionante marca de 1 (uma) loja virtual criada por minuto no começo do isolamento social.
Porém, quando a pandemia se instalou, poucas confecções estavam preparadas para vender no online. Para a grande maioria das confecções, o online não funcionava para o atacado. Marketplace e e-commerce com certeza eram sinônimo de furada.
A rede social? Simples, basta apenas fazer “postzinho”, sem estratégia e sem se preocupar em usar aquilo como ferramenta de venda e comunicação. Que oportunidade perdida, não é mesmo?
O que a pandemia nos ensinou?
Apesar da rotina estar voltando aos poucos, para quem vende pela internet o fim da pandemia deixou as coisas bem diferentes do que eram há 2 anos atrás. Hoje temos um cenário bem mais maduro para o e-commerce graças às lições aprendidas durante o período.
O que pudemos observar de perto foi o seguinte: as confecções que estavam preparadas no digital, saíram muito à frente. Mudaram a sua história. Fizeram da realidade trágica do país, uma oportunidade para se posicionar e até mesmo, crescer!
O processo para se posicionar nas redes sociais, tornou os canais de vendas online cada vez mais importantes para as confecções. Fechar vendas por mensagens diretas ou nos comentários de postagens se tornou algo possível.
O que aconteceu depois? Todos correram para o mesmo lugar: internet!
A concorrência e a forma de vender mudou nos últimos anos. A pandemia, na verdade, somente acelerou o processo. Hoje em dia, passada a gravidade da pandemia, os confeccionistas precisam criar estratégias para manter suas confecções em rápida e efetiva recuperação, já que infelizmente a grande maioria, ficou para trás. (Veja meu texto sobre a pandemia e o aquecimento do setor têxtil)
O Confeccionista Antes
Ter a confecção na plataforma da Shein, para muitos parece loucura. Muitas confecções ficam perdidas com essa nova realidade, sabe por quê? Simplesmente pelo fato de antigamente não terem aprendido a vender porque não precisavam! Estou errado?
Se você é confeccionista com mais de 10 anos sabe do que eu estou falando. Antigamente não precisávamos vender o produto, porque era o cliente que comprava. Não era necessário ter esforço de venda.
Hoje a realidade mudou
É preciso entender/aceitar que você confeccionista (ou você que trabalha em uma confecção) não sabe tudo! Mesmo donos de confecções que já tenha 30 anos de mercado,
Sim eu sei, isso talvez te incomode. Mas não caia na cilada de achar que só porque você tem uma confecção, já aprendeu tudo. Não seja arrogante. Um médico sempre tem que estar aprendendo, senão fica desatualizado. Um advogado, um chef de cozinha… todos sabem da necessidade de sempre buscar conhecimento para reciclagem.
Mas infelizmente, eu ainda vejo alguns confeccionistas que acham que só porque já possuem anos de mercado, não precisam mais aprender nada.
Se soubessem tudo sobre confecção, não teriam nenhum probleminha. Se soubessem tudo mesmo, a produção não estaria com o caos instalado, com cortes atrasados, vendas comprometidas, estoque abarrotado etc etc…
Agora se esse for o seu caso, retiro o que eu disse, vida que segue.
Mas se não for, entenda: precisamos nos manter constantemente atualizados e aprendendo sobre leis de mercado. Agora chegou a vez de buscar conhecimento sobre o mercado de vendas online.
É preciso aprender como isso funciona, pelo menos se você quiser manter sua confecção aberta e próspera pelos próximos 10 anos. Aposto que você já pode responder a pergunta por si só, se sua confecção deve entrar para Shein ou qualquer outro Market Place!
O Confeccionista de hoje

Quando você começou na confecção, você sabia o que sabe hoje de produção? Muitos aprenderam no dia a dia como ‘beabá’ funciona, e continuam aprendendo até hoje.
Esse novo momento que estamos vivendo na confecção requer dinamismo por parte do confeccionista. O confeccionista de hoje precisa se reinventar e reaprender a vender.
Não basta ser bom apenas em fabricar, tem que saber vender no online também. Dedicar um tempo para aprender ou contratar quem tem know-how.
Mas eu sempre digo: aprenda a teoria, o conceito. Tenha um entendimento do que está acontecendo, porque isso é uma fase de porta de entrada para o mundo online. Não tem como mais como fugir dessa realidade.
O novo confeccionista precisa ficar atento para abrir novos canais de vendas.
O produto é rei, mas…
Agora não adianta só ter o melhor produto, com uma embalagem top, com o melhor tecido e os aviamentos mais fantásticos do mercado. Não se trata apenas sobre ter qualidade, é preciso saber vender.
Mas que fique claro, não estou dizendo que qualidade não é mais importante, pelo amor de Deus. Estou apenas dizendo que hoje isso não é mais o suficiente. É preciso ter estratégias de vendas.
Como vimos anteriormente, o comportamento de compra dos consumidores foi mudando com o passar do tempo, e isso inclui seu cliente varejista (afinal apesar de falarmos com CNPJ, todos nós somos CPF ‘s).
O Brasil registrou um aumento de 400% (50 mil aberturas) no número de lojas que se adaptaram ao comércio eletrônico por mês durante o período da quarentena.
Hoje, os clientes estão presentes na loja física, no smartphone, no computador ou em qualquer outro canal que faça sentido para ele comprar ou comparar preços. E é na integração entre o físico e o virtual que está uma das chaves para destacar a confecção ou marca.
É claro que, com isso, a concorrência se tornou maior. Conhecer a fundo a necessidade dos consumidores, estar presente nas redes sociais, ter um bom processo logístico, um bom atendimento e acima de tudo, transmitir confiança, foram obrigatoriedade para se dar bem.
Confecção pode entrar para o Marketplace?
Se o perfil do consumidor final mudou, seu cliente varejista também precisou se adequar. Hoje para atender a demanda online muitos varejistas migraram para o que chamamos de “fidigital“. Esse tal “fidigital” nada mais é que a fusão entre o varejo físico e digital, um ambiente misto, originado do termo Phygital.
Se o seu cliente varejista está no online, por que você também não pode estar? Afinal, você não quer vender mais? ( Veja meu post sobre aumentar as vendas na confecção )

Pode ser que você já esteja argumentando: “Ah mas meus clientes do varejo vão começar a reclamar se eu vender online, etc etc etc…”. Sim, eu concordo. Isso provavelmente tornaria o relacionamento com seu cliente um pouco mais complicado.]
E também já digo que vender com preço de atacado pagando as taxas dos Market Place não compensaria para sua confecção independente de ser Shein ou outro.
Mas porque só pode ser assim? Não existe outra maneira? E se você vendesse diretamente para o varejo? As taxas cobradas compensariam tranquilamente os valores a mais calculados para venda no varejo. Resumindo, você pode ser seu próprio cliente do varejista vendendo nos Market Places da vida.
Portanto sim, sua confecção pode entrar para vender online. E eu tenho amigos confeccionistas que estão vendendo 5.000 peças/dia fazendo isso. É muito insignificante esse número para você?
A Shein

A gigante chinesa Shein, do “ultra-power-blaster-fast-fashion” vem ganhando muito espaço nas faturas de cartão do povo brasileiro. Com o app mais baixado no setor de moda, ano passado foram feitos quase 24 milhões de download do aplicativo aqui na terra do futebol e carnaval.
Apesar de relativamente nova, a varejista chinesa com apenas 4 anos de mercado, em 2021 já bateu os 2 bilhões de vendas só no Brasil. Não é de se espantar que a Shein mudou seus planos por aqui, não é mesmo?
Tendo em vista o potencial de mercado, a Shein passou a recrutar marcas e fabricantes brasileiros para vender em seu market place por aqui.
A reflexão que quero propor é a seguinte, sabendo que a Shein vendeu no online ano passado 2 bilhões aqui no Brasil, quanto dessa fatia tinha sua marca dentro? Qual a fatia de mercado que você tem? Nenhuma porque você não está lá.
Devo ter minha confecção na Shein?
Será que vale a pena entrar na Shein? Já parou para pensar que você está perdendo vendas e ficando para trás quando você decide não entrar nos marketplaces? Será que você não poderia estar vendendo para mais pessoas e em mais localizações?
Em outras palavras, o online vai ajudar a pulverizar suas vendas. Eu sei que muitos de vocês já tentaram entrar no online. Eu também sei que muitos de vocês se decepcionaram. Porque no auge da pandemia nasceu muitos picaretas na hora de construir e-commerce e estratégias no digital.
Por isso eu repito, aprenda como fazer. Conheça e use a técnica para poder cobrar os executores com melhor propriedade. Não estou falando para aprender a construir um site, mas estou falando sobre a estratégia para aprender a se posicionar nos marketplaces da vida.
(Acho que agora você já deve estar apreciando a ideia de colocar sua confecção para vender na Shein)
Controle de Estoque

É o que eu mais recebo reclamação de confecção que entrou para Shein ou outro market place. Não ter um estoque organizado que mata o seu negócio (negócio porque eu estou falando das suas vendas!). Mas existe uma maneira de ter controle do seu estoque em vários market places diferentes.
Vamos supor que você usa um sistema integrado com seu PDV, e que seu estoque é um sonho de viver! Sim, seu estoque em sua loja física funciona. Organizado, planejado, automatizado. Mas como fazer ele funcionar nos marketplaces?
Bom, eu realmente aconselho ter essa preocupação, porque seu rankeamento dentro dos market places depende disso. Rankeamento se você não é familiarizado com o digital, é a sua pontuação online que vai fazer o site te indicar mais ou menos do que os outros.
Uma marca que recusa e cancela muitos pedidos porque não tem o produto, é desqualificada dentro dos marketplace sendo cada vez menos mostrada para quem faz a busca.
Contudo, eu Eduardo Cristian não sou nenhum mega especialista em marketplace. Isso eu deixo com meu amigo Tom Telles, o embaixador do e-commerce. Mas como eu não sou bobo nem nada, eu converso muito com ele.
Por isso, uma dica que eu “pesquei” para solucionar esse problema é usar o ERP da Bling. O Bling é um ERP que facilita a emissão de notas fiscais e boletos, além de realizar integrações com as principais plataformas de e-commerce e marketplaces. Com ele você integra seu estoque com as principais plataformas em um único local, com um preço relativamente acessível. Portanto, se você quer que sua confecção entre para Shein e outros market places, essa pode ser uma solução (das outras muitas!).
Conclusão
Uma coisa é fato: a resposta para a crise foi o digital.
Como será o futuro? Existe uma especulação imensa. As lojas físicas vão acabar? O formato das lojas vai mudar? O e-commerce vai dominar o mundo? Não sabemos.
Seja como for, o que eu posso te afirmar é que, independente do que acontecer, você sempre vai precisar pensar diferente. Sabe por quê? Porque se você não o fizer, seu concorrente vai.
Abraços e fique com Deus.
Fui!
Veja também meu post: Precisa-se de Costureiras
